Em 3 de outubro de 1968, 45 anos
atrás, estudante da Universidade Mackenzie e da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da USP, se enfrentaram em um dos confronto estudantis mais
violento da história do país, conhecido como a Batalha da Maria Antônia.
Os estudantes da Mackenzie
apoiavam o golpe militar, muitos deles faziam parte do Comando de Caça aos
Comunistas, uma organização de extrema direita composta por estudantes e
pseudo-intelectuais que denunciavam pessoas contrárias ao regime militar. Já,
os alunos da USP eram de esquerda, realizavam no prédio da universidade
diversas assembléias e de lá coordenavam boa parte das manifestações contra a
ditadura.
A USP e Mackenzie eram vizinhas e
ficavam localizadas na Rua Maria Antônia na região central de São Paulo. Tudo
começou quando os estudantes da USP organizaram um pedágio para arrecadar
fundos para a realização do congresso da UNE. Os conservadores da Mackenzie
decidiram atirar ovos contra os comunistas da USP. Alguns nomes notoriamente
conhecidos na atualidade participaram do confronto como o temido delegado do
DOPS “Raul Careca” e o jornalista reacionário Boris Casoy, como aponta a
revista “O Cruzeiro” de 09 de novembro de 1968.
O período era um dos piores da ditadura
militar brasileira, estávamos diante do início processo de radicalização da
perseguição aos comunistas, que se agravou meses depois com o mais duro golpe
dos militares, a baixa do AI5, em 13 de dezembro de 1968. O Ato Institucional
nº 5 dava poder de exceção aos governantes para punir arbitrariamente os que
fossem inimigos do regime ou como tal considerados.
Voltando a batalha, os estudantes
da USP e Mackenzie se enfrentaram por dois dias, a polícia assistia a tudo esperando
à hora de intervir. Eram pedras, paus, bombas, coquetéis molotov e o que mais
tivesse pela frente. O resultado da batalha foi que o prédio da USP foi
incendiado e o estudante secundarista José Guimarães, foi morto com um tiro que
partiu de dentro do prédio da Mackenzie. Os estudantes da USP chocados pegaram
a camiseta e saíram pelas ruas de São Paulo. Quem supostamente havia feito o
disparo, foi o delegado do Departamento de Ordem Política e Social, Raul Careca.
Após o confronto a polícia invadiu os prédios das duas universidades para
prender os estudantes, os acadêmicos da USP, ocuparam o prédio da Faculdade de Filosofia
e se defenderam do avante militar com barricadas, pregos para furar os pneus
das viaturas e bolinhas de gude que derrubavam a cavalaria, o movimento de resistência
da USP foi liderado pelo líder estudantil José Dirceu.
Depois disso, a sede da USP foi
transferida para o campus Armando de Salles Oliveira, no bairro do Butantã. O
antigo prédio passou a abrigar o espaço cultural Centro Universitário
Maria Antônia, um órgão de extensão universitária e cultura, ligado
à Universidade de São Paulo, responsável pela promoção de exposições
artísticas, cursos ligados à área de humanidades e pela difusão
cultural, científica, artística e tecnológica.
Referências:
Batalha da
Maria Antonia resultou na morte de um estudante secundarista". Site da
Folha de S. Paulo.
CCC
ou O Comando do Terror. O Cruzeiro. Página visitada em 26/09/2013.
Grupo
Tortura Nunca Mais. Página visitada em 27/09/2013.
Jornal
da República - 1979. Página visitada em 26/09/2013.
O AI5, Portal da Fundação
Getúlio Vargas. Página visitada em 01/10/2013.
Revista Veja,
9 de outubro de 1968. Página visitada em 26/09/2013.
VALENTE,
Rodrigo — "A resistência dos estudantes" para a Revista História
Viva, ano V, n. 54, p. 44—7. Editora Duetto (São Paulo)
Zanelli, M.
L., Maria Antonia: dos tempos de regime de exceção à plena democracia, Portal
do Governo do Estado de São Paulo, 27/09/2013.
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